Reportagem sobre Educação Inclusiva

Achei uma reportagem/relato no site do Diário do Nordeste sobre o trabalho da educação inclusiva:

Paralisia cerebral sim, inábil e incapaz jamais

Até os 15 anos de idade, Antônio Davi Sousa de Almeida vivia isolado da convivência social. Dentro da casa de três cômodos, no Henrique Jorge, ele só sabia o que era ir da cadeira para a rede e vice-versa e interagir apenas com o casal George Cassimiro e Estela Pereira, que o criou desde bebê. Sua mãe precisava ganhar o sustento do dia-a-dia e o deixou com os dois vizinhos. A culpa de Davi para a quase prisão domiciliar? Ter paralisia cerebral.

A falta de informação levou a mãe e pais adotivos a um julgamento sem fundamento: de que ele era incapaz e o melhor a fazer era deixá-lo dentro de casa quase sem comunicação com o mundo exterior.

A história de Davi chegou ao Centro de Apoio às Mães de Portadores de Deficiência (Campe) que foi à luta e conseguiu matriculá-lo em escola municipal. Dentro da sala de aula, convivendo com jovens de sua idade, Davi comprova na prática que tem condições de aprender dentro de suas particularidades.

Atualmente, aos 19 anos, ele já ministra até palestra em defesa de crianças e adolescentes com necessidades especiais. “Quero todos na escola”, declara com ênfase.

Para a assessora pedagógica da vice-reitoria da Universidade de Fortaleza (Unifor), Adléa Lima, o caso de Davi não é exceção e todos devem ter direito à escola e à educação.

Para ela, a convivência é possível sim, desde que a escola esteja preparada em quatro colunas básicas. A primeira, relaciona, é o projeto pedagógico. A escola, salienta, deve eleger o princípio da diversidade como um dos marcos de referência, para que o currículo expresse realmente sua concretização. A segunda é que, para que esse currículo tenha vida, é preciso que a escola tenha um ambiente físico que contemple espaços e recursos apropriados para o atendimento às necessidades específicas dos alunos.

A terceira é a formação e valorização dos professores quanto aos fatores responsáveis, características das deficiências e metodologias específicas no caso das deficiências sensoriais, por exemplo. A quarta é a superação das barreiras atitudinais pela postura de respeito, acolhimento e apoio às famílias dos educandos com necessidades especiais.

“Para que isso venha acontecer há que se contar com políticas públicas que reservem verbas suficientes para investimentos pesados em todos esses aspectos citados”, analisa.

A legislação prevê, lembra Adléa, que a escola deve garantir o acesso, a permanência e o desenvolvimento para todos os educandos. Para ela, na atual conjuntura da educação brasileira já está comprovado de que a escola não está dando conta dessa missão primordial.

“Tenho construído uma história pedagógica de educação inclusiva ao longo dessas quatro décadas e no meu entendimento o princípio da diversidade também se aplica à natureza das escolas“, afirma.

Segundo Adléa, há situações complexas na área dos transtornos do desenvolvimento em que esses alunos precisam de uma rotina que respeite seu momento e sua condição. Portanto, diz, de espaços educacionais que lhe permitam encontrar a alegria de viver sem enquadramentos ou grandes exigências e até a possibilidade de manifestar sua identidade tal como pode. “Temos que avançar em busca da educação da sociedade inclusiva sem radicalismos”, explica.

VÁRZEA ALEGRE - Exemplo de superação e talento

Ele já foi destaque em matéria publicada pelo Diário do Nordeste e exibida no Fantástico, da Rede Globo. Hoje, é exemplo para todos que enfrentam as barreiras impostas pela própria deficiência e descrédito da sociedade sobre suas potencialidades.

Ricardo Oliveira, de 19 anos e aluno da 7ª série de uma escola na zona rural de Várzea Alegre, é bicampeão da Olimpíada Brasileira de Matemática e, agora, motivo de orgulho dos cearenses. É uma lição de vida e de superação. É um campeão da vida.

Nem tudo foi um mar de rosas para Ricardo. Vítima de amiotrofia espinhal, doença neurológica grave e progressiva, ele foi marcado pelo sofrimento. Foi alfabetizado pela mãe, Francisca Antônia da Conceição: “Notei que ele tinha facilidade com os números”.

Depois que aprendeu o básico — ler, escrever e as quatro operações de Matemática — ele ingressou na escola, em 2005, onde cursou a 5ª série. Seu pai, o agricultor Joaquim Oliveira, é também um companheiro. É quem o coloca na cadeira de roda ou num carrinho de mão e o leva para a escola, num trajeto de um quilômetro. Quando o inverno é mais intenso, Joaquim não pestaneja e leva o filho nos braços.

Com a fragilidade de sua doença, Ricardo não pode estar todos os dias na sala de aula, mas isso não é obstáculo para aprender. A maior parte do tempo, estuda e faz os exercícios sentado no chão de casa. “É aluno especial e, por isso, recebe tratamento diferenciado”, afirma a diretora da escola, Erileuza Gomes Jerônimo.


Para a reportagem completa acessem:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=522663




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